Logística 4.0

Logística 4.0 gerando maior eficiência com redução de custos, produzindo reflexos práticos no dia a dia de empresários e consumidores
O conceito de Logística 4.0 está intimamente relacionado à ideia de Indústria 4.0 (sobre a qual falaremos depois) e suas origens estão nas recentes e profundas mudanças tecnológicas que o mundo presenciou, principalmente nos últimos 10 anos, envolvendo tecnologia da informação e comunicação de massa.
Trata-se de uma nova fase para o setor da Logística que vem absorvendo no seu cotidiano modificações operacionais impostas pelas mais modernas ferramentas de trabalho que se tornaram essenciais em meio a pandemia do novo coronavírus. São novidades do mundo virtual que geram maior eficiência com redução de custos, produzindo reflexos práticos no dia a dia de empresários e consumidores.
Mas que ferramentas seriam essas? Bem, veja abaixo algumas delas:
- INTERNET DAS COISAS — A IoT (Internet of Things) veio para ficar. Falamos de objetos conectados ao universo online que permitem o trabalho automatizado de diversas funções, tornando desta forma, o desempenho mais homogêneo e dinâmico dentro de qualquer operação ou até mesmo dentro de nosso dia a dia;
- INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL — É um mecanismo que dá para as máquinas, devidamente programadas, a possibilidade de tomar decisões de forma automática, sem a intervenção humana, o que reduz as margens de erros;
- CLOUD COMPUTING — As informações necessárias para tomar decisões estão disponíveis na famosa nuvem de dados, em qualquer lugar e a qualquer tempo, dinamizando rotinas operacionais e facilitando serviços em diferentes localidades;
- BIG DATA — Essa ferramenta permite a análise de um grande volume de dados estruturados (inseridos ordenadamente em sistemas operacionais) e não estruturados (que correspondem a 80% das informações virtuais geradas na internet por bilhões de usuários diariamente) de forma rápida e eficiente, permitindo mudanças de rumo empresariais mais precisas e em tempo real;
- DIGITAL TWIN — Numa tradução livre seria o “gêmeo digital”, técnica que possibilita a criação de protótipos virtuais, reduzindo custos e facilitando planejamentos futuros, por visualização na tela do computador;
- MACHINE LEARNING — Novamente numa tradução livre para o português, seria o “aprendizado da máquina”. É um processo de análise automática que faz o software reconhecer padrões de conduta ineficazes e buscar outras alternativas. Na Logística permite o aumento da precisão no controle de dados de estoques, por exemplo;
- BLOCKCHAIN — A mesma tecnologia usada em NFTs e criptomoedas, como o Bitcoin, pode facilitar os trabalhos em Logística, registrando a complexidade de entregas realizadas no mundo inteiro, com seus vários atores gerando fluxos de informação e comunicação em diferentes canais, mantendo assim a rastreabilidade dos dados em toda a cadeia de suprimentos;
- IMPRESSÃO 3D — A manufatura aditiva, que todos chamam de impressão 3D, é uma tecnologia, com condições de transformar toda a supply chain. Imagine um processo onde o envio de arquivos, devidamente patenteados, é feito até um distribuidor para a fabricação do produto perto do cliente, ou quem sabe na casa do consumidor, caso ele tenha uma impressora como esta. A mudança que essa ferramenta traz para a cadeia de suprimentos é enorme, caso este equipamento se torne mais popular e acessível.
E quais seriam as vantagens de toda essa tecnologia?
De acordo com Maria Jakeline Motta e Gabrieli Cristina Lusvarghi, em trabalho apresentado no Décimo Oitavo Congresso Nacional de Iniciação Científica, estes seriam alguns dos benefícios da Logística 4.0:
- Redução da perda de ativos — Conhecer os problemas dos produtos em tempo para encontrar uma solução;
- Economia de custos de combustível — Otimizar rotas de frota, monitorando as condições de tráfego;
- Garantia da estabilidade de temperatura — Monitorar resfriamento que, de acordo com o Ministério da Agricultura dos Estados Unidos, cerca de um terço dos alimentos perecem em trânsito a cada ano;
- Gerenciamento do estoque do armazém em real time — Monitorar inventários em situações de peças fora do estoque;
- Identificação da visão do usuário — Sensores incorporados fornecem visibilidade sobre o comportamento do cliente e uso do produto;
- Criação da eficiência de frotas — Reduzir as redundâncias.
“Além de trazer um novo universo de possibilidades, a Logística 4.0 também pode gerar benefícios que incrementam os processos da cadeia de abastecimento existentes, que abrangem a utilização de ativos, otimização de espaço de armazém ou planejamento da produção”, finalizam as autoras do trabalho.
Podemos também elencar algumas outras possíveis vantagens que a Logística 4.0 pode nos entregar, como:
- Maior integração entre os participantes da cadeia de suprimento;
- Prazos de entrega menores;
- Redução de estoques, evitando perdas e desperdícios;
- Otimização de espaços e de custos de armazenagem;
- Melhor aproveitamento das frotas e otimização de custos com transporte;
- Maior segurança da cadeia de fornecimento, evitando paradas em linhas de produção;
- Menor burocracia nos processos, elevando a produtividade e competitividade no mercado;
- Geração de grande massa de dados relevantes para apoiar as tomadas de decisão, cada vez mais assertivas e que possibilitam a melhoria contínua;
- Aumento das margens de lucro para as transportadoras e operadores logísticos que se engajarem nessa nova revolução;
- Aumento da satisfação dos clientes.
Cientistas sociais e os players do Setor de Logística concordam que as novas ferramentas trazem inúmeros benefícios. Mas tudo isso começou no campo fabril, com a Indústria 4.0. Esse termo foi apresentado ao público pelo Governo da Alemanha durante Feira de Hannover de 2011, com a intenção de elaborar um projeto com foco em soluções tecnológicas. Mais tarde, Klaus Schwab, criador do Fórum Econômico Mundial, estudou mais profundamente o tema e publicou então o livro A Quarta Revolução Industrial, onde ele aborda a fusão dos mundos físico e digital. Schwab aponta as vantagens e os perigos dessa tendência, bem como a necessidade das organizações repensarem seus processos e sua criação de valor.
Conforme os estudiosos do tema, ao longo da História o Setor Industrial passou outras três fases. A Indústria 1.0 surgiu com a revolução gerada pelas máquinas a vapor, na Inglaterra do século XVIII. A versão 2.0 surge no século XIX, com a especialização da mão de obra e a busca pela qualificação. Etapa bem representada pela produção em série criada por Henry Ford na fabricação do lendário Ford T. Já no século XX chegamos então na terceira revolução industrial, quando as fábricas são dominadas pela engenharia eletrônica e a robótica. Hoje indiscutivelmente vivemos sob as demandas criadas pelas novas tecnologias, que geraram por fim a Indústria 4.0.